Cantando para todos os Santos
por Izabella Bellenda
Grupo de samba de terreiro, Os Encantados, comemora quatro anos de existência com festa temática cantando a Umbanda aos quatro ventos
No dia 13 de julho, a Casa Roxa, no Batel, recebeu uma festa com tema umbandístico. Não, não foi uma festa do Terreiro do Pai Maneco, mas é claro que o pessoal daqui estava envolvido. A gente está falando do grupo de samba de terreiro Os Encantados. Em comemoração
aos quatros anos de formação do grupo, a festa cantou “para todos os santos”, como afirmou S. Luiz, na 1.ª Festa de Todos os Santos. Quatro anos? Pois é, o Jornal do TPM foi atrás dessa história e traz aqui na íntegra a entrevista para você. Confira!
Há tanto tempo trabalhando no TPM com sua família, com um grupo de samba junto com seus filhos, como surgiu a ideia de um grupo com repertório de terreiro?
Nós tínhamos um grupo de samba, eu e meus três filhos. Até então já éramos do TPM, da gira de sábado, tínhamos ligação com forte samba, mas não necessariamente de terreiro. Até que um dia Pai Bitty me ligou e disse que tinham sonhado que a gente tinha um grupo de samba de terreiro e deu a ideia Cantando para todos os Santos Grupo de samba de terreiro, Os Encantados, comemora quatro anos de existência com festa temática cantando a Umbanda aos quatro ventos de montarmos o grupo. No começo eu fiquei em dúvida porque não queria ter compromisso de tocar todo sábado em algum lugar, ter que faltar à gira, mas de repente a coisa aconteceu. No meio disso, o Tiziu, também já com história dentro da música e do samba, chegou para conversar com a gente sobre associar o trabalho da gira a um violão, um cavaco.
Como é a junção de trabalho e espiritualidade? Qual a diferença entre tocar na noite e tocar no terreiro?
Eu acho que eles estão sempre do ladinho, “faz assim, faz assado”. Temos afinidade com o samba e com a Umbanda e parece que as duas coisas andam juntas. Tudo isso tem se amarrado direitinho e trazido satisfação pessoal para todos os integrantes do grupo. A diferença de cantar uma música nos trabalhos e a mesma na noite acontece porque a gente já tem a ginga, uma certa malícia. No TPM cantamos dentro da
batida do terreiro, na noite com batida e tom de voz diferente, cadência diferente. Eu faço os pontos, o Tiziu converte para as cordas, o Juninho faz uma percussão diferenciada para não ficar do mesmo jeito que tocamos no TPM.
Aconteceu alguma vez de alguém confundir as coisas e incorporar em algum show? Existe esse receio?
Nas primeiras apresentações alguns médiuns abusavam da bebida, da energia e acabavam incorporando. Médiuns novos, sem muito controle da própria energia. Então começamos a pedir que as pessoas não confundissem o que estávamos fazendo ali com o que acontece no terreiro. Nós estamos levando pontos de terreiro para quebrar paradigmas. A gente não quer confusão de valores na cabeça das pessoas, elas incorporando em um boteco, não queremos isso. Para isso que estamos dentro de uma casa. Temos uma norma que é não banalizar os princípios da Umbanda.
E a festa?
Fizemos uma festa de comemoração de quatro anos do grupo. Porque a gente sempre está junto ensaiando, tocando, brigando, mas no fim estamos sempre juntos. Foi uma comemoração dessa união.
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