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PALADAR – Por Eliezer Junior

Oferendas e Amalás.

Egípcios
Por milênios os egípcios acreditavam que existiam inúmeros deuses, para cada necessidade do povo, Amon sempre foi visto como o mais poderoso dos deuses. Em troca das “tarefas” que os deuses faziam para o povo egípcio, sacerdotes, bailarinos e cantores ficavam à disposição dos deuses, fazendo oferendas e alegrando-os.
Os deuses ganhavam também propriedades e oficinas. Os templos ou santuários ficavam nos fundos das mais belas salas, onde existia um altar para cada um.
As oferendas eram feitas apenas por sacerdotes, pessoas comuns não podiam frequentar os templos, mas os sacerdotes podiam levar recados das pessoas.
As oferendas eram feitas todos os dias e se consistiam em comida, incensos, produtos alimentícios e oferendas espirituais, as oferendas populares consistem em comidas, estátuas de argila e joias.
Os sacerdotes tinham também o dever de acordar aos deuses e em dias festivos as imagens eram carregadas pelas ruas também somente por eles.

Gregos
Os gregos eram politeístas, ou seja, acreditavam na existência de vários deuses. Para este povo os deuses tinham o poder de agir no mundo material dos humanos e os dividiam em deuses que habitavam o olimpo e deuses que habitavam o centro da terra.
Os deuses gregos eram imortais porem podiam apresentar várias características comportamentais e físicas dos seres humanos. Faziam coisas boas e ruins, certas e erradas ou ajudavam a vida das pessoas.
Para os gregos estes deuses habitavam o monte olimpo e possuíam poderes particulares, como por ex. Afrodite a deusa do amor e Demeter a deusa da colheita. Hades, deus que habitava no mundo subterrâneo, era o único deus que não recebia oferendas, não tinha templo, nem culto.
Cada cidade possuía uma espécie de deus protetor. Este deus tinha um templo e era cultuado também dentro de casa pelos gregos.
Os gregos pediam aos deuses proteção, bens materiais e sucesso nas atividades da vida.
Para agradar estes deuses, costumavam fazer oferendas, orar e sacrificar animais no altar, sendo que neste último a carne era comida e as vísceras queimadas como oferenda aos deuses.
Eram comuns as festas realizadas nos templos em homenagem ao deus protetor da cidade.
As oferendas e sacrifícios para os deuses do olimpo tinham como objetivo a proximidade com esses deuses, já as que eram para os deuses do mundo subterrâneo serviam para afastar alguma força ou pacificar alguma divindade.

Judaísmo
O judaísmo é considerado a primeira religião monoteísta da história.
Os cultos judaicos são realizados num templo chamado de sinagoga e são comandados por um sacerdote conhecido por rabino. O símbolo sagrado do judaísmo é o memorá, candelabro com sete braços. Os homens judeus usam a kippa, pequena touca, que representa o respeito a Deus no momento das orações. Nas sinagogas, existe uma arca, que representa a ligação entre Deus e o Povo Judeu. Nesta arca são guardados os pergaminhos sagrados da Torá.
As oferendas consistiam em: sacrifícios de animais, que representavam o mundo animal. Oferendas de farinha e de cevada e libações de vinho, que representavam o mundo vegetal. Nos sacrifícios utilizava-se sal, simbolizando que até o mundo mineral estava sendo elevado a Deus.

Abaixo citaremos duas festas judaicas que aconteciam na época das colheitas:

– Chag Ha-Bicurim: (Festa das Primeiras Frutas) é o nome pelo qual a festa de Shavuot é chamada em Números 28:26. A nova colheita de trigo era colhida nestes dias do ano, e a farinha obtida era levada ao sacerdote como uma oferenda.

– Chag Ha-Catsir: A festividade de Shavuot, que se celebrava quando os primeiros frutos da colheita eram dados como oferenda, é mencionada na Bíblia (Êxodo 23:16) como Chag Ha-Catsir (Festa da Colheita). Dois pães cozinhados com a farinha da nova colheita eram entregues no Templo nesta ocasião, para servirem de oferenda especial.
(*) Shavuot é uma festa judaica também conhecida como festa da colheita, shavuot do hebraico significa “sete semanas”
Dentro do judaísmo os sacrifícios animais são conhecidos como “Korban” originalmente do hebraico karov que significa “vir para perto de Deus”.
Temos que ressaltar que a maioria dos sacrifícios animais e das oferendas de farinha eram consumidos pelos Cohanim, por aqueles que os ofereciam e pelas famílias e amigos destes. Os sacrifícios eram feitos não porque Deus quisesse, na realidade dentro da religião Deus proíbe ao ser humano ser cruel com qualquer ser vivo, mas o sacrifício era feito para lembrar ao homem que tudo que há no mundo pertence ao criador, para que homens dedicassem parte de suas posses a Deus. Existe também o significado místico: uma forma do homem dizer à Deus ter sido sua alma natural “animal” e não sua alma divina que fez como que houvesse um afastamento do homem com Deus e seu desejo de se elevar espiritualmente, de “sacrificar” seus desejos e impulsos naturais que o levaram a pecar.

Budismo
Muitos budistas montam altar (butsudan) em casa para a recitação de mantras e a meditação diária, neste altar constam as imagens de Buda, um ihai (tabletes memoriais com nomes dos antepassados e/ou parentes falecidos), flores, vela, incensos e uma taça para oferenda de água. O uso de imagens budistas em locais de culto não deve ser visto como idolatria, mas como simbologia.
Fazer reverencia e oferendas são manifestações de respeito e veneração aos budas e bodhisattvas.
Dentro dos mosteiros, as refeições principais são o café da manhã e o almoço e antes das refeições também são feitas oferendas, no café da manhã o cozinheiro chefe prepara uma oferta da comida a ser servida em tigelas menores e colocas em uma bandeja alta denominada “sambô”, são ofertados a comida, incenso e são feitas nove prostrações (inclinar-se, ajoelhar-se e lançar-se ao solo) e levada ao altar como uma oferta à memória de Buda. No almoço os monges colocam um pouco de arroz como uma oferta especial “sabá” para alimentar os espíritos famintos “gaki”. Além das oferendas de comida, todos os dias são recitados de forma simples e sem oferendas o “Sutra do Portal da Doce Nectar” (Kanromon) oferecendo simbolicamente o alimento aos espíritos famintos.
(*) Os “espíritos famintos” são conhecidos na cultura desde a índia antiga e são encontrados em várias religiões, seriam espíritos que em vida foram muito gananciosos.
As oferendas no budismo consistem primordialmente em flores e frutos, sendo considerados a forma adequada de reverência ao Buda. As flores e frutos enfeitam os altares e comprovam a fé. Além das oferendas à Buda, dentro do budismo também fazem oferendas aos antepassados.
Acredita-se que o aspecto mais importante da cerimônia e de alimentar o “espírito faminto” existente dentro de cada um, afinal todos tem um lado ganancioso, sempre querendo mais, do desejo mais simples ao mais sofisticado o ser humano nunca está satisfeito, ao realizar a cerimônia se está cuidando de si mesmo, para que possa então “ficar satisfeito”

Os elementos materiais presentes nas oferendas budistas são: Flores, arroz, velas, lamparinas, incenso, mandalas, águas, chás, frutas e pó de sândalo.
São oferecidas ainda: Recitações, leituras de sutras, ofertas de trabalho e cânticos.

Pesquisa.
WWW.superpesquisa.com.grecia.religiao
WWW.oferendas.blogspot.com.2009.02
WWW.hsingyun.dharmanet.com.br
WWW.diocesedesaomateus.org.br
WWW.suapesquisa.com.judaismo
www.morasha.com.br/leis-costumes-e-tradicoes/o-templo-de-jerusalem.html

Umbanda
Na umbanda as oferendas são feitas como alimentos votivos preparados ritualmente e oferecidos aos orixás, aos quais necessitam de suas vibrações para a manutenção da própria força dinâmica.
Na umbanda e mesmo em alguns cultos tradicionais os orixás comem frutas, as comidas variam muito de culto para culto.
Nos templos de umbanda diferentemente do candomblé as comidas são dadas aos guias incorporados e eles mesmos consomem. Portanto são comidas sem os temperos usuais.
Mesmo desta forma os rituais diferem entre si, dependendo da hierarquia do centro a distribuição ou não dos alimentos para os médiuns.
Cada orixá tem comidas de sua predileção a seguir vamos apresenta-las, bem como algumas formas corretas para seu preparo.
Para o preparo dos alimentos as cozinheiras devem usar o turbante branco para identificar a não incorporação, podendo ou não usar suas guias. Em muitos terreiros as guias são usadas cruzadas no médium para representar a não incorporação para os homens que ajudam no preparo.
Um alimento que é muito usado na umbanda é a pipoca para diversos ritos e nela a uma peculiaridade.
A pipoca deve ser preparada em panela de barro sem óleo e com a tampa fechada a mãe de santo a meche passando a colher de pau por fora da panela 7 (sete) vezes e em seguida bater sobre a tampa para chamar os pretos velhos para o estouro das mesmas, durante o ritual deve se cantar os pontos de pretos velhos e a cada mexida dar uma sacudida no milho.
A seguir daremos as comidas de cada orixá e sua forma correta de preparo.
Xangô: amalá, acarajé longo, rabada com camarão seco, quiabo, com azeite de dendê e caruru.
Exu: Pipoca, farofa de farinha de milho com dendê, farofa com pinga, farofa com mel, bife no azeite de dendê, bofe, fígado, coração de boi, acaçá amarelo, carne assada, vinho e mel.
Acaçá amarelo, comida feita a partir do mingau de arrozina a qual e embrulhada na folha de bananeira possuindo duas formas para tanto uma chama de macho e a outra de fêmea tendo como diferença uma abertura na parte superior de cada uma.
Oxóssi: Peixe com escamas de água doce, moganga bem assada com milho dentro coberto com mel, axoxo, frutas, espiga de milho cozido, pamonha.
Axoxo – milho de canjica vermelha cozida com mel e enfeitada com fatias de coco.
Oxum: Canjica branca, omolocum, ximxim de galinha, ipete, ovos cozidos, milho com coco. Milho com coco. Assa o milho inteiro e enfeita com raspas de coco.
Omolucum. Ferve o feijão fradinho e escorre a água, volta a ferve-lo com pouca água e acrescenta o dendê o amendoim e a castanha de caju triturados para engrossar (ponto de papa)
Ximxim de galinha. Galinha inteira cortada em pedaços e colocada para fritar no dendê, após estar bem frita acrescenta castanha de caju e amendoim triturado, para enfeitar colocar 8 (oito) ovos cozidos inteiros sobre a entrega.
Iemanjá: Manjar branco, ebó de milho branco com azeite doce ou mel, peixe cozido com pirão de farinha de mandioca, arroz doce enfeitado com fatias de maça, manjar de maisena, canjica branca cozida e refogada com camarão e cebola com azeite de oliva.
Azeite doce – azeite de oliva.
Iansã: Acarajé redondo e frito no dendê, milho em espiga coberto com mel, canjica amarela, rodelas de inhame cozido, refogado com dendê e cebola, amalá, feijão fradinho.
Preparo do acarajé- deixar o feijão fradinho de molho de um dia para o outro na água, no dia seguinte retira a casca esfregando com pano ficando só com seu interior em seguida ele e socado em pilão junto com a cebola até formar uma primeira massa, em seguida passa a mexer esta massa com colher de pau, para deixa-la o mais aerado possível, para em seguida ser frito no dendê.
Oxalá: Canjica branca entregue em alguidar de louça branca, ebó de milho branco sem sal, canjica branca, acaçá branco, rodelas de inhame cozido com mel.
Ebó- canjica cozida e entregue sem a água
Acaçá – mingau de arrozina sem sabor, no acaçá o mingau e feito com água sem adicionar leite.
Para a entrega os mesmos são enrolados em 7 folhas de bananeiras cortados do mesmo tamanho sendo 7 (sete machos) e 7 (sete fêmeas) sendo a diferença entre um e outro a forma da dobradura que no caso dos machos fica totalmente fechado e na fêmea a uma abertura na parte superior deixando o mingau aparente.
Ogum: Peixe de escamas de água doce, carão seco refogado com amendoim, frutas, inhame feijoada em algumas regiões do Brasil, fígado, coração de boi, feijão fradinho, feijão preto, bagre com molho de camarão.
Feijoada- nos locais onde e feita a oferenda de feijoada ela e feita sem sal nem temperos sendo as carnes escolhidas determinadas pelo orixá através do diretor espiritual.
Curiosidade
O caruru é comida de todos os santos e inclusive Cosme e Damião e por receber esta denominação também na Bahia além da comida caruru, são servidos em todos os restaurantes o que é chamado de caruru de todos os santos na sexta feira que e por eles determinado (DIA DE TODOS OS SANTOS) as sextas feiras são servidas as seguintes iguarias. (União de todas as comidas dos santos)
-ximxim de galinha
-feijão fradinho
-caruru sem o feijão fradinho e adicionado de quiabo
-acarajé
-abara
-vatapá
Em todos os pratos vão camarão seco triturado ou inteiro castanha de caju, amendoim. Menos no acarajé.
Sobremesa.
-quindim
-manjar branco
-cocada branca e preta
-bolinho de estudante (mingau de tapioca com leite de coco e açúcar, preparado até atingir ponto de pirão em seguida e frito no óleo de soja e em seguida passado no açúcar e canela.
Nas datas de Cosme e Damião entram balas, bolos e brinquedos saindo os demais.

Pesquisa feita com a irmã do autor da pesquisa em forma de entrevista

Lembrando que como a umbanda é uma religião não codificada, cada casa tem seus rituais e formas de oferendas, tendo sempre que obedecer a regra e determinações do dirigente de cada casa, no Terreiro Pai Maneco, local que os participantes da pesquisa são frequentadores a orientação é de oferendas com flores, frutas, farofas, água, materiais não poluentes, respeitando assim a natureza e todas as formas de vida.

Pesquisa de idioma.
WWW.ruadasfrlores.com.br o maior dicionário por mim encontrado da língua afro.

Pesquisa de Nehru Moreira de Sousa

Mitologicamente falando, quando o mundo e o homem terminaram de ser criados, os Orixás viviam junto com nossos ancestrais, mas o homem era descuidado e sujava e emporcalhava a terra sagrada.
Então os Orixás reclamaram com Obatalá, furiosos pelo comportamento humano, Obatalá então puniu os homens separando o mundo físico do mundo espiritual.
Acontece que o tempo passou e a fúria dos Orixás se abrandou, eles sentiram falta da alegria, da música e da comida dos humanos e pediram ajuda ao grande pai; Obatalá disse que não havia o que fazer, os mundos haviam sido separados para sempre!
Os Orixás choraram e se entristeceram e então o bondoso grande pai ofereceu uma solução! Seriam enviados sonhos a alguns humanos, eles deveriam purificar seus corpos com banhos e com a raspagem dos cabelos e preparar uma festa, e então os Orixás poderiam tomar seus corpos purificados e dançar novamente com os humanos!
Num contexto mais histórico, sabe-se que na África os orixás eram cultuados separadamente, cada família tinha um orixá a quem saudar e este era passado hereditariamente pela linha paterna.
Acontece, que os mercadores de escravos não escolhiam apenas este ou aquele clã para capturar, nos navios negreiros, vinha gente de toda parte, de línguas diferentes, muitas vezes de clãs rivais, que cultuavam orixás muito diferentes entre si.
Ao chegar ao Brasil, eram separados e vendidos, e a cada venda ficavam mais perdidos de sua terra e de seu povo, mas as vezes um sacerdote ou sacerdotisa treinados, iam parar numa senzala com outros negros e negras corajosos que desejavam manter as crenças vivas e ainda encontravam grande conforto nos deuses da mãe África.
Além disso os escravos eram obrigados a se batizar na igreja católica e seguir os preceitos, fazer os juramentos, em fim eles se tornavam católicos sim, ou pelo menos em parte, outra parte olhava para Santa Barbara e via a senhora dos ventos Iansã, via Xangô em são Jerônimo e Oxalá em Jesus Cristo!
Então, aqueles sacerdotes treinados na mãe África, ensinavam as histórias dos orixás, usando as imagens e nomes dos santos, e descobriram que seria impossível cultuar os orixás separadamente nessa terra tão hostil, todos deviam estar juntos, e só assim poderiam continuar confortando e dando coragem ao povo.

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