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A Simplicidade do Milagre

Uma semana depois, inexplicavelmente minha mãe teve alta do hospital e veio me buscar para me levar para casa. Há quatro anos meu pai e minha comemoram suas Bodas de Ouro e agora, em 2010, mamãe completou seus 76 anos de idade.

Autor: Paulo Braz -17 dezembro 2010

Em 1964, minha mãe foi acometida pela segunda vez de tuberculose.

Esta doença, naqueles anos era vista com o mesmo preconceito que foi visto o portador do vírus da AIDS. Dificilmente quem estava com essa doença sobrevivia.

Meu pai não teve alternativa. Todos os seus 3 filhos, eu com 6 anos, minha irmã com 5 anos e o caçula com 2 anos, fomos entregues aos cuidados de  tios para que ele pudesse trabalhar e cuidar da minha mãe internada no Hospital Cardoso Fontes, na cidade do Rio de Janeiro.

Separado dos meus irmãos, fiquei sob os cuidados de uma tia casada (irmã do meu pai) que junto com seu marido eram meus padrinhos de batismo.

Quando fui para a casa da minha madrinha, no mesmo período, ela acolheu outro sobrinho e também afilhado cuja mãe também estava internada com estado ainda muito mais grave que da minha mãe naquele momento. Sua doença era desconhecida e minha tia Sara estava sofrendo uma deformação horrível em seu corpo que ficava contorcido, perdendo a musculatura e entortando os ossos. Esse ano foi muito triste.

Um dia a Tia Sara morreu e meu primo e seus outros quatros irmãos ficaram órfãos. Fomos ao enterro e vi toda aquela tristeza. Nossa grande família era muito unida e muito numerosa. Todos os tios, tias, primos e primas estavam presentes. Foi muito marcante aquele momento na minha infância.

Passados alguns dias, sem meus padrinhos perceberem eu ouvia escondido toda a conversa deles. Eles diziam que minha mãe estava muito doente e praticamente desenganada; infelizmente, assim como aconteceu com a tia Sara, previam mais uma morte e toda a tristeza que isso traria. Eu era muito pequeno, mas entendi tudo que estavam conversando e senti a gravidade do que falavam.

Fui para meu quarto.

A casa dos meus padrinhos era um casarão antigo na velha Niterói-RJ e eu dormia sozinho num quarto escuro, em uma cama de casal que em sua extensão acolhia minha  solidão imensa. Toda a noite eu rezava um Pai Nosso como tinha aprendido com minha madrinha, uma católica fervorosa. Toda a noite eu pedia para que Jesus trouxesse minha mãe de volta e curada.

Naquela noite eu me ajoelhei na beirada da cama e pedi muito mais intensamente a Jesus pela minha mãe. Eu faria qualquer coisa. Eu seria um bom menino e nunca esqueceria Ele. Eu já sabia que Ele gostava das crianças e eu acreditava que Ele podia me ouvir.

Quando me deitei, com os olhos cheios de lágrimas de saudades da minha mãe, vi ao lado da cama uma nuvem tão clara que poderia iluminar o meu quarto, mas era como um facho de luz vindo do espaço ou de um ponto no ar.

No meio daquele facho vi um homem vestido de branco e azul, seus cabelos castanhos escuros eram longos e seu sorriso era suave e infinitamente bonito. Sua barba e olhar me fizeram saber que era Ele. Com as palmas das mãos abertas e como se fosse tocar em minhas mãos e me colocar no seu colo. E Ele me disse: SUA MÃE ESTÁ CURADA E EU SEMPRE ESTAREI COM VOCÊ, MEU PEQUENO. EU OUVI SUA PRECE! Suavemente sua imagem foi virando um ponto de luz e a nuvem onde eu o via desapareceu no ar.

Penso que dormi como deve dormir uma criança em paz. Tinha duas certezas: que minha mãe voltaria para amar seus filhos e que JESUS existia mesmo.

Uma semana depois, inexplicavelmente minha mãe teve alta do hospital e veio me buscar para me levar para casa. Há quatro anos meu pai e minha comemoram suas Bodas de Ouro e agora, em 2010, mamãe completou seus 76 anos de idade.

Hoje, capturado pela beleza da Umbanda e pelo seu caminho de luz, paz, amor e humildade, me encontro em cada gira com aquela criança que existiu em mim, meu anjo da guarda, puro e cheio de fé, e de novo reconheço a presença de JESUS, nosso Pai OXALÁ abençoando cada criança que está em nós.

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