Memória
Um dos primeiros ensinamentos deixados pelo Seu Akuan é que o tempo não existe, “o tempo na terra é diferente do tempo dos espíritos, então não tenham pressa”, ele sempre repetia.
Ainda que o tempo não seja igual, ele se preocupava e controlava muito bem o nosso tempo que era escasso para tantas consultas e trabalhos a realizar. Seu olhar atento não perdia um detalhe do que acontecia na gira, das incorporações aos pontos tocados pela Engoma, podia chamar um capitão, pedir o material para o próximo trabalho, ditar um ponto novo ou uma mensagem e ao tempo atender a todas as consultas com o seu sorriso calmo e compreensivo.
Pai Fernando não recusava atendimento e outra lição deixada é a de que não havia sofrimento ou necessidade maior, todos estavam no terreiro por um motivo e deveriam ser acolhidos com respeito e fraternidade.
Uma vez seu Akuan foi indagado sobre a alta rotatividade de médiuns no terreiro, ele respondeu que o período passado na corrente seria o suficiente para amainar o sofrimento do filho e também para difundir os ensinamentos da Umbanda.
As entidades recebidas pelo Pai Fernando diziam que eram três as palavras que uniam o mundo espiritual ao mundo material: amor, livre-arbítrio e responsabilidade. Só através do amor teríamos a liberdade para escolher nossos caminhos e assim nos tornarmos plenamente
responsáveis por eles. O mundo espiritual jamais poderia interferir no nosso poder de decisão, mas sempre tendo que arcar com as consequências.
Termino transcrevendo uma das mensagens deixadas pelas entidades do nosso pai de santo: “O coração é a casa do médium, o coração é o que dá luz aos sentimentos. Do medo à coragem, do ódio ao amor, da impaciência à paciência. Uma casa é construída pelos corações. Repare, o homem tem dois olhos, dois braços, duas pernas e um só coração. Quem perde um olho, enxerga com o outro, quem perde um braço, agarra com o outro. Quem perde uma perna, usa muleta. Mas se perde o coração, perde os sentimentos e a vida. Quem manda no coração é Oxalá, mais ninguém”. – Caboclo Akuan, março/2000.
Entre o espírito e o homem, alojado no perispírito, estão as guias. Elas são sagradas. Ninguém deve deixar outros tocarem suas guias. Elas devem ser cultuadas e guardadas como um tesouro.”
Caboclo Akuan
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