Mas afinal, o que é a Umbanda? – II
por Amanda Lopes de Freitas
Oito horas, começo de gira. É sempre a mesma emoção, a mesma alegria, a mesma euforia e, ao mesmo tempo, a mesma paz! E toda semana é como se fosse a primeira vez que piso no terreiro.
Começa o hino de umbanda, com seus versos tão simples e tão emocionantes, relembrando que seus filhos levam ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá, que contra a nossa lei, a nossa fé, não há nada mais forte. Que a força que nos dá vida, nos impulsiona para o bem e para a caridade. Versos estes que sempre me arrepiam! Mas a vibração agora é ainda maior: visto o branco, sou medium, sou um cavalo de umbanda!
Continuo com muitas coisas pra aprender, mas agora o compromisso é maior: do lado de dentro da corrente! Servindo como instrumento da espiritualidade, facilitando a comunicação entre consulentes e espíritos. Ajudamos a quem queira encontrar a Deus, se encontrar e encontrar a paz. E é extremamente gratificante poder ajudar o próximo, ver um sorriso estampado em um rosto.
Troquei com facilidade as festas dos sábados a noite pela caridade, pelo caminho do bem. O terreiro é a última esperança para algumas pessoas e seus problemas. Lá a grande maioria dessas pessoas buscam e encontram algo que dinheiro nenhum no mundo compra: a paz de espírito. Foi assim para mim. E hoje, a fé pela qual me ajoelho, é a mesma que me coloca em pé.
Nessa caminhada linda pela Umbanda, percebo a extrema importância de cambonear, de ajudar nossos guias a dar passes, conselhos, ajudar em cirurgias espirituais, fazer os consulentes rir quando se tem vontade apenas de chorar e até ajudar numa vibração que precise para o momento. Cada gira, um novo aprendizado. Parece que todo conselho ao consulente cabe perfeitamente para nós, cambones. Ao final de cada gira, ao limpar a tabua, recordar cada sorriso e cada coração que foi acalmado não tem preço. É inevitável o riso frouxo, a sensação de dever cumprido.
E como sempre tive pra mim, a Umbanda é pra ser sentida. Não há uma única definição para englobar toda a magia, toda a beleza e todo o encanto. Não tem como descrever um passe, uma vibração e, principalmente, a incorporação.
Como legítima filha de Oxóssi, comunicativa e alegre, não discuto a fé que tenho! Bato cabeça em respeito ao congá, aos guias e aos dirigentes! E mesmo que em outro momento minha vida siga por outros caminhos, o respeito pela Umbanda sempre será imenso.
E assim sigo em paz, procurando a evolução do corpo e da alma, buscando a sabedoria e a humildade dos pretos, a inocencia e a alegria das crianças, o equilíbrio de Exu e a força do caboclo.
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