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Viagem Alucinante

Sentou no banquinho de palha bem no centro do terreiro. Fechou os olhos e as palmas das mãos foram colocadas para cima – por outras mãos. Recebeu apenas uma orientação: se deixar ir. Ele foi, sob o som do atabaque e músicas populares, para a viagem mais alucinante da sua vida. E quem agora lhe falar em outro tipo, quando se cavalga substâncias que podem levar à morte, ele sabe o que dizer. Até o dia em que foi gerado ele viu, porque cena de uma noite silenciosa, céu de estrelas e amor feito na rede. Do outro lado da estradinha estava o pé de manga centenário que o fez sofrer quando soube que foi derrubado. Mas ali, ao ver ele ser cortado, soube que tudo tinha vindo para dentro da sua alma, aquele gigante que presenciou tudo desde os tempos imemoriais dos antepassados estava eternamente salvo. Passou por tudo e acompanhou a mãe carregando uma sacola com comida para o pai caminhando na ladeira infinita, todo dia – e ela feliz porque ele só gostava do que ela fazia. O sacrifício da caminhada ladeira abaixo, ladeira acima, era o de menos. Teve cachoeira, teve pedreira, teve selva, teve rio, teve bola, teve gente. Era tudo vida. Ao abrir os olhos, continuou como sempre, com mais certeza de o normal é que é o delírio.

Cabeça de Pedra

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