O QUE EU APRENDI COM A UMBANDA – Por Bruna Cabral
Cada pessoa nesse mundo, criado dentro da sua família, traz valores e crenças. Dentro dessa ideia, cada pessoa vai crescendo, aprendendo no dia a dia, com seus erros e acertos.
Eu fui criada dentro da Igreja Católica. Lá temos a catequese, o ensinamento de “Amai-vos uns aos outros”, ajude o seu irmão, ore diariamente, tenha fé! Diria que ensinamentos básicos e de caráter que todos deveriam ter, com algumas regras impostas para manter uma ordem. Mas à medida que vamos crescendo e formando nossa própria ideologia, passando por situações que nos põe à prova a nossa fé e benevolência com o próximo, é que percebemos o que realmente podemos pôr em prática.
Parei de frequentar a Igreja Católica por falta de respostas. Eu entendia que a vida era mais do que morreu e acabou. Como assim? E os espíritos que eu vejo passeando por aí, não deveriam estar no “Céu”? Ou no “Inferno”?
Fui a um Centro Kardecista para pedir ajuda e queriam me colocar para psicografar e, eu só queria parar de ver e sentir os espíritos a minha volta. Me chamaram para ir ao Pai Maneco e por algumas vezes, relutei. Até que um dia, depois de “reencontrar” um grande amigo, senti que era hora de ir em busca de respostas.
Lá conheci pessoas incríveis, reencontrei minha fé, me reencontrei, reconheci meu protetor. Me culpei algumas vezes (resquícios do catolicismo), me emocionei, duvidei, mas também dobrei os joelhos e bati minha cabeça, em sinal de respeito e amor com aqueles que se desdobram para me ajudar.
E aí quando eu pensei que já sabia uma quantidade boa de coisas sobre a vida ou sobre relacionamentos, a Umbanda veio me mostrar que eu sabia de nada.
Na Umbanda eu aprendi que o “Problema dos outros, é um problema!” Grande ou pequeno, NENHUM deve ter menos valor. Como cambone eu escutava pedidos desde “me ajuda a encontrar um emprego que eu goste” até um “me ajuda a curar este câncer”. Um problema é menor do que o outro? Para os espíritos, não. Afinal, uma vida triste, pode gerar um câncer! E todos os filhos devem ser bem cuidados, na medida que precisam e merecem.
Na Umbanda eu aprendi que “todas as pessoas são boas.” Desde que entrei no terreiro escuto os mais novos falarem: “nossa, que bom estar aqui, aqui todo mundo é do bem, né?”. Sim, todas as pessoas que estão nesta corrente são boas. EU creio que sim. Todas estão lá, atrás de algo bom como, melhorar como pessoa, ajudar a si e ao próximo. Mas cada pessoa tem sua opinião e de repente, você encontra alguém que tem uma opinião diferente da sua e… meu Deus! Você começa a pensar que aquela pessoa não é mais tão legal. Ela é! Saiba respeitar os seus irmãos de corrente, mesmo que eles não pensem como você. Respeitem a casa, seus dirigentes e sua hierarquia.
Na Umbanda eu aprendi que “Paciência é o segredo.” Assim como na nossa família, passamos por experiências e desafios que põe a prova nossa tolerância, assim também acontece no nosso local de trabalho e, pq não, no terreiro. São as nossas segundas, terceiras famílias e, como em toda boa família, uma hora você vai se irritar com alguma atitude de alguma pessoa. Aqui, encare como paciência tb os seus sinônimos: calma, equilíbrio, resignação, tolerância, esperança, coragem, persistência. Já ouvi por vezes pessoas falarem (não posso negar que, até eu mesma já pensei isso): “como esse fulano frequenta o terreiro? Vem aqui fazer um trabalho de caridade e lá fora é falso, aqui egocêntrico, só pensa em si, etc…” Mas é justamente por isso que estas pessoas estão no terreiro, por isso que NÓS estamos no terreiro. Ou na igreja, ou em qqr lugar que ajude a nós e essa pessoa a crescer. Como todos os seres humanos, somos passiveis de erros, mas também de aprendizado. Então, calma! Respeite quem está ao seu lado e, se necessário, ensine também. Sem esquecer que, às vezes ele não está fazendo nada errado, só não está fazendo do jeito que VC acha certo. É preciso atenção. Siga as regras da casa e lembre do básico: não faça aos outros, o que não gostaria que fizessem para você!
Na Umbanda eu aprendi que “energias podem tomar conta de você”. Duvido que alguém aqui ao pisar no terreiro pela primeira vez, não se sentiu envolvido pelos cantos e o toque dos atabaques. Pois é, assim é na vida também. Perceba a diferença dos dias que você está muito feliz e dos dias que está mais pra baixo. Aprenda a transformar estas energias. Algumas vezes tb sou pega de surpresa por energias ruins e passo alguns dias meio esquisita. Mas aprendi que não basta sentar na frente da entidade e pedir para eles mudarem essa nossa condição. Depende mais de nós mesmos do que deles, inclusive. Dizer tb que ficou um tempo perto de uma pessoa com uma péssima energia e pegou algo ruim, ok, pode acontecer, mas ore, peça ajuda aos seus guias e saia dessa vibe! Tudo, absolutamente TUDO que você precisa para mudar a tua energia depende única e exclusivamente de VC! Pode passar a semana toda indo no terreiro receber passe e conversar com as entidades que, se você estiver com teu coração fechado para receber tudo de bom que eles tem pra te dar, nada você vai receber. Se abra para as coisas boas, boas vibrações e assim, não tem pq você ficar “pegando energia ruim”.
Na Umbanda aprendi que “você que manda na sua vida e, só na sua vida!”. Pega um pouco do que escrevi no parágrafo acima, mas com alguns adendos para ações. Não sei se pela criação que eu tive ou pela religião Católica, as coisas eram mais duras! Cada não que você dava a alguém, era muito sentido. Cada coisa que não dava certo, uma tristeza. Cada morte, um martírio sem fim! Cada dor de um membro da família, todo o resto tinha que sentir também. E não precisamos disso. Claro que é bom ter compaixão, mas vamos buscar um equilíbrio. Quantas vezes fazemos coisas que não temos vontade, só para agradar? E quantas vezes nos sentimos sem valor, pq o outro não fez aquilo que gostaríamos. As coisas podem ser bem mais simples se entendermos que cada um faz o que quer/pode e quando quer/pode, e ninguém precisa ser culpado por isso. Que o que fazem por nós e, nós pelos outros, deve ser por amor e não obrigação. Se você passar por essa vida fazendo o que precisa, sem depender de outros, tb traz menos dor, menos apego e, em consequência, mais poder para você mesmo. Respeite o tempo e o espaço de cada pessoa. Quando há este equilíbrio, viver a dois ou em família tem muito mais alegria, harmonia e paz.
Enfim, tudo isso parece tão básico, mas pq é tão difícil de praticar?
E existem pessoas que acreditam já saber de tudo e já ter visto e vivenciado tudo que podiam… Será? Acho uma pena!
Ainda temos tanto pra aprender.
Bruna Cabral
Gira de Segunda
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