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SOBRE EXÚ – Por Bruna Cabral

Chegando em casa após a ultima gira de Exu e, em meio a tantos pensamentos que vinham como um raio em minha cabeça, escrevi algumas palavras. Mostrei ao Pai Caco naquela semana e ele me incitou a evoluir estas palavras em um texto.

Hoje, tem mais uma gira de Exu. Tô aqui com estas palavras que não me saem da cabeça, então, vou escrever sobre as palavras do Exu. Exu… Esse nome que as vezes arrepia, mete medo em quem não conhece, é o diabo, é tantas coisas! Mas que na verdade não é nada disso, não é nada complicado e obscuro… é tão simples! Sobre eles, lendo no site do TPM, vi um texto antigo da minha amiga Sheilla, que escreveu uma frase que Seu Morcego disse a ela: “só vc para gostar de “colo” de Exu”. E depois que vc os conhece, tem como não gostar deles e, com todo respeito, querer “colo”? Tenho um apreço enorme pela companhia, pelas palavras, pelo carinho e, pq não, até dos puxões de orelha. Já temos um carinho pelos queridos pretos, pelos valentes caboclos, pelas doces crianças… teria pq não gostar de Exu também?

Pois voltando: trabalhando com o Sr. Exu, percebo como as coisas são simples. Como tudo depende de nós e como muitas vezes fugimos de nossas próprias responsabilidades. Para quem senta na frente de Exu, o negócio é sempre direto: preciso de dinheiro, preciso de trabalho, fulano me incomoda, tira ciclano da minha vida, segura meu marido em casa, tira meu filho das drogas… São os mais pesados pedidos, sobre as mais diversas situações que o ser humano pode passar/carregar. E o ser humano vai lá, para o Exu resolver tudo com suas velas pretas, mandingas, marafo e por aí vai. Mas e a surpresa de quando ele chega lá e o Exu só conversa e até mostra pra ele que as coisas não são bem assim e que, se vc quer mudar algo, deve começar por vc mesmo? Nesta última gira de Exu, ele atendeu as mais controversas consultas e durante, achei tudo muito confuso. Pq geralmente as consultas são sempre no mesmo “ritmo”: trabalho ou doenças ou amor… naquele dia, nada igual! Fui sendo alertada sobre cada ponto no decorrer das consultas e ficando com aquilo marcado na cabeça, do tipo, depois vc vai entender tudo. E nesta ânsia de resolução de todos estes problemas dos mais diferentes viés da vida, um único conselho vinha: conheça mais sobre vc mesmo, para depois partir para resolver a situação.

Chegando em casa, me preparando para dormir, fui fazendo a reflexão sobre as consultas, tentando pegar tudo que foi falado, pq tb preciso colocar ensinamentos em prática na minha vida. Então percebi o denominador comum: a completa falta de conhecimento em si mesmo e em consequência, a falha no diálogo com quem está em volta, gerando os conflitos. Todos com problemas para resolver e que, não tem menor ideia de onde vieram estas questões, como viraram o problema e a resolução, para eles, era só se livrar destas pessoas ou situações.

Mesmo com esta citada variação nos “temas” e o conselho de “conheça mais sobre vc mesmo”, a pergunta que fechou minha noite foi: vc é o tipo de pessoa com quem gostaria de conviver?

Pq é fácil falar “Meu pai, fulano me incomoda!”, mas será que vc não está incomodando o fulano primeiro? Ou “Meu pai, ciclano está fazendo coisa errada”, mas pq vc não mostra com exemplos o que é o certo ao invés de julgar o outro? E você, é o tipo de pessoa com quem gostaria de conviver?

E isso não diz respeito somente ao que atinge o outro, mas vc mesmo! Não tô no papo “não faça para o outro o que não quer para vc”, e sim em: não faça nada que não queira para vc, pense mesmo em vc! Em suas atitudes. No que está resultando para vc. Se conheça. Saiba do que gosta ou pelo menos do que não gosta e do que não quer para si. O resto é reflexo. Os outros, o que acontece a sua volta, são consequência do que vc quer para si. E vc, é o tipo de pessoa com quem gostaria de conviver?

Acredito que uma análise diária em cima desta simples pergunta, pode resultar em melhores ações para nós mesmos e em consequência, mais harmonia com as pessoas a nossa volta. Vamos parar de achar problemas em outras pessoas ou em situações, e curar sozinhos nossas mazelas, buscando dentro de cada um de nós a resposta. Hoje o Exu trabalha nas mais diversas “demandas” em nossa vida, que muitas vezes nós mesmos criamos. Queremos a saída de um vício que nós começamos, a retirada de um obsessor que nós deixamos vir pra perto, ignoramos o sopro que vem naquela intuição dizendo “não vai fazer besteira”.
Será que um dia teremos uma boa conversa com Exu, aberta como aquelas que temos com os pretos e caboclos, ao invés de só demandar a eles, coisas que nós mesmos devemos resolver?
Vamos focar na luz que eles podem trazer, ao invés de focar na escuridão que anda perto de nós e, depois ter que pedir socorro para sair. Colocar nas tarefas diárias: ser e refletir a luz. Ser a pessoa que vc gostaria de conviver.

No mais, Laroiê! Saravá a sua proteção, à sua companhia!

Bruna Cabral

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