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ENTREVISTA COM ATANAGILDO – PERGUNTA 2

Pergunta 2 – Poderia entender-se por “caridade” a prática única da mediunidade e, em caso afirmativo, poderia ser entendida como missão?

Atanagildo – A prática da mediunidade não é caridade, porque toda tarefa ou serviço, embora de ordem espiritual, que nos priva dos prazeres do mundo e consome-nos horas destinadas ao descanso, é sempre reparação do tempo perdido no passado! Ninguém faz caridade ao próximo, pois todo o bem em favor de outrem gera benefícios para nós mesmos. Considerando-se que a lei manda premiar cada criatura conforme suas obras, o próximo só gozará do bem que lhe fazemos, quando ele o merecer. No entanto, o nosso esforço no sentido de ajudá-lo e prazer de vê-lo venturoso, embora ele não o mereça, é que realmente gradua-nos perante a Divindade no conceito caritativo.

Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo, mas compõem o conjunto de almas que fracassaram no passado, que abusaram de sua inteligência incomum, contrariando o curso das leis divinas, espécie de “anjos decaidos”, que então resgatam o pretérito delituoso na condição dificultosa e humilde de médiuns a dispensar favores ao próximo.

Pai Caco – Perceba que Atanagildo deixa bem claro que praticar a mediunidade não é caridade, ou seja, estar no Terreiro, incorporar, participar das giras, dar consultas, etc, não consiste em caridade. Por que? Muito simples de entender: no final da gira sempre todos estão felizes, em paz, calmos, tranquilizados, energizados, abastecidos de uma força diferente de tudo que estamos acostumados no mundo material. Recebemos tudo isso no decorrer da gira e no final a alegria e a felicidade transbordam no semblante de todos os médiuns. Portanto, ao longo da gira, apenas pelo fato de estarmos presentes estamos recebendo muito mais do que aquilo que podemos doar. Sendo assim, se recebemos pagamento por aquilo que fazemos, então não é caridade. Segundo Atanagildo “todo bem em favor de outrem gera benefícios para nós mesmos”. Achei esta pergunta muito pertinente. Seguidamente pergunto aos candidatos a entrar no Terreiro, por que eles querem participar das giras? Na maioria das vezes a resposta é: – Para fazer caridade. Esta resposta também é compreensível, afinal eles ainda não tem consciência do bem que o Terreiro trará para suas vidas. Se existisse esta consciência a resposta seria: – Porque eu preciso! Ou – Por que será bom para mim!

Quanto a questão de serem os médiuns missionários, Atanagildo nos esclarece que na verdade são espíritos errantes que buscam nesta encarnação a reparação pelo uso indevido de sua inteligência em atitudes erradas, muitas vezes impensadas em encarnações anteriores e ainda destaca “médiuns a dispensar favores ao próximo”. Veja que ele usa a expressão A DISPENSAR FAVORES e não a expressão fazendo caridade, reforçando a afirmação de que praticar a mediunidade não consiste em caridade.

Quero entretanto, fazer uma única ressalva, que consiste na verdade numa opinião pessoal. No meu ponto de vista, os dirigentes espirituais são sim missionários,

pois aceitam nesta encarnação a missão de formar e conduzir grupos mediúnicos tentando auxiliá-los a não cometer novamente os erros do passado. Por mais que pareçam ser espíritos extremamente evoluídos, são quase sempre entre todos a pessoas do grupo, os maiores devedores de vidas anteriores que aceitaram está difícil missão com o objetivo de amenizar mais rapidamente os abusos praticados em outras encarnações. São, segundo Atanagildo, “anjos decaidos resgatando o pretérito delituoso”.

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