Um meio de amor – Por Rodrigo Fornos
É assim que defino toda egrégora que existe em torno do Terreiro do Pai Maneco. Amor. E com todas as consequências que o amor carrega. E quando há amor entre pessoas surge a grande chance de compreender, mais ainda, por onde andam a caridade, a tolerância, a humildade.
Em encontro recente e único tivemos a presença de todos os dirigentes com suas hierarquias para uma conversa franca e direta para resolver questões que se impõem a um local de trabalho em que quase duas mil pessoas fazem parte. E onde há, portanto, todo tipo de sentimento, históricos, desejos, frustrações, anseios.
No encontro sob o comando da Mãe Lucilia, deu-se a falar sobre os pontos que mais gostamos e que menos gostamos de um modo geral, seja na gira ou no próprio TPM. Ou seja, os dirigentes e hierarquias colocaram em um papel seus sentimentos em relação ao grupo.
Doutrina, filosofia, conceito, espaço físico, atitudes das pessoas, falta disto ou daquilo, excesso aqui ou ali. Tivemos uma manhã para compreender nossos desejos e falhas. Uma manhã inteira para olhar no olho de cada um e colocar para fora, de maneira clara e direta, o que pensamos e, melhor, o que queremos para o terreiro.
Outro propósito do encontro foi uma gira.
Como bem sabemos, nunca sabemos como será o andamento de uma gira dessas. Tudo pode acontecer. É mágico. E tudo aconteceu!
Nosso maior dirigente, o Caboclo Sete Ponteiras do Mar, não esperou sequer cantar o ponto do Hino da Umbanda. “Refletiu a luz divina com todo seu esplendor” foi o ponto para que nosso guia viesse a nos emocionar pegando-nos de surpresa. Como é a Umbanda.
O recado – emocionado pelo médium e pela entidade – foi para que não ficássemos tristes com os pontos negativos que encontramos no dia a dia, uma vez que os pontos positivos são infinitamente maiores e cumprem verdadeiramente o papel que estamos destinados a desempenhar.
“Vocês, conversem com os guias dos dirigentes e perguntem o que eles acharam de tudo isso”, comandou Seu Sete Ponteiras do Mar à Mãe Camila de Iemanjá e a mim. E lá fomos colher os depoimentos.
Todos foram unânimes em destacar a força do terreiro. Que devemos – nós, os encarnados – saber o que acontece no Astral; que o ser humano é bondoso nos pontos negativos e positivos; que o filho forte aguenta a pancada; que não podemos ter medo de falar e não ter medo de ouvir; que devemos compreender as energias distintas e complementares da Umbanda; que todos os filhos são uma natureza só; que o crescimento vem do erro.
“Sou um soldado da casa; do Akuan; do Maneco. Sou obedecedor das regras. E também mando. Quem manda é quem obedece”, disse Seu Sete Ponteiras do Mar.
A gira ainda teve a lavagem de cabeça de cada Pai e Mãe de Santo, de cada Pai e Mãe Pequena, de cada Capitão e Capitã, cada Samba e Ogan. Com as ervas todos lavaram suas coroas e almas. A leveza e a força das ervas banhadas em água foi suficiente para energizar e restabelecer nosso poder de transformar por meio do amor.
A Umbanda é mágica! A Umbanda é bela, forte, verdadeira. Repleta de lições de fé e de amor. Cabe a nós, meros soldados, compreender sua beleza e obedecer a lei maior. A lei do amor!
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