Levando um amigo ao terreiro
Quando um parente, um amigo, ou mesmo o amigo do amigo passa por dificuldades, nosso ímpeto como umbandista é convidá-lo ao terreiro. Quando a pessoa mesmo pede pela visita, então, ficamos eufóricos pela possibilidade de ter mais um atendido pelas forças do mundo astral.
Quem nunca?
Então pergunto qual o tamanho da nossa responsabilidade?
E da nossa irresponsabilidade?
Tomemos cuidado para não exagerarmos nas expectativas, uma vez que podemos, tomados de grande inocência, receitar o remédio errado.
Cada um de nós percebe a cada vivência dentro da Umbanda, que os males materiais são fruto quase que exclusivos da nossa própria incompetência em gerir nossa vida financeira, nossos negócios, nossas profissões e até as relações interpessoais. Pode haver lá algum atrapalho energético? Certamente. Mas o comodismo de atirarmos aos céus a responsabilidade por fracassos financeiros, amorosos ou afetivos, cujo cerne é nossa desatenção, é muito grande.
Cada vez mais a Umbanda me fala da alma, pela alma, pelas vibrações de luz, e principalmente pelo andar espiritual na terra. O equilíbrio da vida não é a busca do razoável? Nem tanto ao céu nem tanto a terra.
Traga seu amigo para proporcionar a ele a chance de conhecer as belezas que a Lei nos oferece: a palavra exata do Preto, as curas dos Caboclos, os Exus que nos organizam as idéias, e toda a vibração de força e amor. E todo o descarrego, e tudo o mais que não cabe em linhas escritas.
Mas sejamos coerentes! Deixar alguém que vem ao terreiro pela primeira vez acreditar na solução rápida e fácil de todas as suas agonias me soa um tanto irresponsável.
Consideremos que o que eu posso absorver hoje, não somente é uma situação específica minha que pode não se estender a outrem, como posso ter minha percepção completamente modificada em outro momento.
Há centenas de exemplos entre nós médiuns, de como e porquê chegamos ao terreiro que não exatamente explicam porquê continuamos aqui. Os caminhos são os mais diversos, e cabe permitir a cada um o exercício individual da fé.
O modo como entendo razoável, e falo por mim somente, é mostrar ao amigo a porta que me foi aberta e a estrutura de conforto espiritual e de autoconhecimento que o astral proporciona pela Lei de Umbanda.
A partir daí deixo na alçada dos Guias, pois a condução deles é perfeita e equilibrada, a minha é rude e cheia de equívocos.
Obter a compreensão de nossas próprias vidas pelo auxílio dos Guias é fantástico, mas o processo não é imediato.
O conforto é espiritual.
Deixemos isso mais claro a todos e para nós mesmos sempre que necessário.
Valeu.
Saravá
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