ESTUDANDO COM PAI FERNANDO I
Este é o primeiro texto de uma série de compilados de opiniões do Pai Fernando, cujo textos são resultados de estudos feitos pela médium Denise Freitas de Oliveira sob orientação da Mãe Pequena Camila Guimarães.
O texto do “Minha Opinião” escrito por Pai Fernando em Novembro/07 nos conta sobre a criação da Umbanda e como ela está baseada na fé “Os cascões dos espíritos dos caboclos, dos preto-velhos, das crianças e ainda daqueles que constituem a quimbanda é a base da Umbanda e eles incorporam nos médiuns disponíveis formando o seu exército espiritual. As suas casas espirituais foram chamadas de Terreiros, dentro deles foi revelada toda a estrutura para defender-se de seus inimigos, os chamados espíritos das trevas. Daí nasceu o congá, a segurança e a tronqueira. Foi recomendado o uso da tradicional roupa branca e ensinado o manejo dos elementos de magia, como o álcool, o fumo, a pemba, o ponto riscado e a música. Foi, então, formada a base para as reuniões espirituais com as incorporações desses espíritos. E assim foi e ainda é feito.
Cada agrupamento espiritual tem seus objetivos bem esclarecidos. Uns vão em busca da felicidade divina, outros buscam a iluminação interna, outros querem cair nas graças de Jesus, mesmo que para isso tenham que apregoar a fidelidade de Deus. Isso tudo que digo não tem nenhum embasamento cultural. Apenas é assim que penso e sou”.
Dentro desse pensamento ele reflete sobre a Umbanda, o papel dos pais/mães de santo sobre sempre responder às dúvidas e não mistificar os fatos que acontecem dentro do terreiro e, principalmente, tentar responder uma pergunta comum a todos os frequentadores de um terreiro: “por que estou na Umbanda?”, aliás pergunta que atormenta muita gente, resolvi buscar a resposta. Dentro da minha religiosidade não estou buscando o céu nem a felicidade eterna, nem a iluminação interior, todos me dizem que Jesus me ama, então não preciso fazer nada para que isso aconteça, e tento ser fiel a Deus, sem exigir que ele me seja fiel. Isso tudo que estou dizendo não tem embasamento cultural. Tudo isso é fé. Fé que sempre tive e vou continuar tendo”.
Seja pelos problemas triviais do dia a dia, seja por problemas mais complexos o fato é que a Umbanda nos ajuda a enfrentar todos os obstáculos e tendo o Caboclo das Sete Encruzilhadas como base para seu texto conclui-se que a Umbanda não é só para ajudar com os problemas dos encarnados, mas também para ajudar, com muita eficácia, os espíritos desencarnados que precisam de auxílio “O Zélio de Moraes, incorporado com o Caboclo Sete Encruzilhadas anunciou que a Umbanda estava sendo criada “para que os espíritos dos pretos velhos africanos possam trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social…” Muitos outros ensinamentos otimizaram as palavras simples do fundador da Umbanda. Nem poderia ser diferente, considerando que ele disse isso sentado em uma mesa dentro de um centro kardecista.
Fui excluindo os problemas para chegar a um resultado qualquer. Os pedidos triviais dentro dos terreiros encobrem um problema bem maior: a obsessão! A Umbanda é inigualável no encaminhamento dos espíritos desviados dos princípios da conscientização espiritual. Não só os espíritos maus que se aproximam dos encarnados são afastados, mas também são carinhosamente encaminhados ao astral superior os espíritos que não têm noção de seu desencarne e ainda ficam presos na matéria. Em síntese, a Umbanda foi criada também para ajudar o mundo invisível paralelo. Então os umbandistas que deixem de estudar só os caboclos, preto-velhos e crianças, e passem a observar melhor os espíritos que coabitam conosco a crosta desse planeta Terra”
Nesse ponto ele finaliza sua crônica, mas aqui vamos estender esse estudo com algumas citações de Pai Fernando sobre esses “espíritos obsessores” que foram melhor explicados no “Blog do Pai Maneco” fundado em 2009 e com rico material de estudo para nós. Lembrando que se entende como “espírito obsessor” a atuação que espíritos desencarnados tem sobre um espírito encarnado.
Primeiro vamos colocar abaixo o trecho que ele cita as diferenças de obsessão:
“No meu entender obsessão é obsessão. Vou apresentar três situações só para dar uma ideia do tamanho do problema: 1 – o espirito que bebe, fuma e é viciado sugere ao obsidiado que ele beba, fume ou se drogue para ele envolver-se no perispírito do obsidiado e sugar as energias do álcool, do fumo ou da droga; 2 – o obsessor sexual que provoca um relacionamento para junto do ato também envolver-se; 3- o obsessor que comanda o obsidiado e não deixa ele ir no terreiro para não ser descoberto. Existem outra quantidade de situações, mas aos poucos vamos discutindo essa gravíssima situação espiritual, talvez a razão maior da existência dos terreiros.
Muitas vezes eles são maus, cumprindo um trabalho de magia, outras vezes é um simples parente carnal que se aproxima e sem querer causa atrapalho. Cada caso é um caso. Não faço classificações.
Egum é um espirito que ocupou um corpo físico na terra. Todos que não são elementais, são eguns. Kiumba é um nome que não gosto de usar, mas entendem alguns que é um espirito obsessor e mau. Prefiro o termo atrasado, sem luz, inimigos. Se o médium perceber a presença de uma entidade sem luz, peça para seus guias afastá-lo. Quando é familiar, depende do familiar. Eu adoro, quero manter, se possível, e gosto de continuar conversando com meus amigos, parentes, irmãos, pai e mãe, tios e tias, que já desencarnaram. Eles desencarnam e continuam os mesmos.”
Quanto aos trabalhos espirituais “feitos” para as pessoas, outro assunto que leva muitas pessoas aos terreiros, ao ser perguntado sobre a possibilidade desses não serem descobertos e “pegarem” na pessoa, ele diz: “Tudo no mundo espiritual é possível, mas acho muito difícil alguém fazer um trabalho e ele pegar na pessoa. As entidades dizem que é mais fácil fazer o bem do que o mal, porque para o bem os guias abrem os braços e para o mal eles protegem”
É importante que médiuns entendam que a segurança do Terreiro está sempre atenta e alerta e como ele mesmo nos explica “É muito comum um obsessor ou espirito brincalhão querer se passar por guia. Muitas vezes as entidades que cuidam do trabalho deixam esses espíritos entrarem e tentarem se passar por guias, apenas como chamariz para leva-los ao aprendizado em lugares especiais do espaço”.
“A Umbanda não enfrenta obsessores, ao contrário, só os afasta das pessoas e os encaminha. Obsessores não tem campo de força criado e por isso não oferecem perigo aos terreiros, exceto quando exercem o poder da manipulação no mental dos dirigentes. Estou falando de obsessores conscientes e preparados pelo astral inferior”
Em outra resposta ele nos explica como é a atuação de um espírito obsessor chefe de falange dentro da gira “Obsessores com grande poder e conhecimento, que sejam chefes de falanges do baixo astral, têm sempre o seu lado do orgulho e da dignidade e jamais iriam se submeter a papel de trevoso pequeno. Tem um livro chamado “O abismo” que todos deviam ler. Trata-se do mundo interno da terra que a entidade desce e vai conhecendo o interior da terra e os habitantes desse mundo. Entidades desse naipe planejam e mandam outros executarem. Durante o desenvolvimento da gira, se acontecer de um espírito obsessor tentar neutralizar a da casa, o dirigente deve encerrá-la imediatamente e reiniciar, em seguida e sem pausa, outra abertura da gira e repetir todo o ritual. Isso pode combater a agressão dos espíritos maus. Comigo isso nunca aconteceu. Tentar eles já tentaram, mas o Caboclo Akuan sempre resolveu”.
Como dica aos médiuns, se houver uma gira que obsessores sejam chamados, ele nos esclarece “Em gira de desobsessão não tem doador de energia, porque a lida é direta com a entidade obsessora. Um médium pode sair com problemas por ter atraído energias negativas. Isso não deve durar muito tempo, mas se o problema persistir deve ser comunicado ao dirigente do terreiro para medir a intensidade do problema. Vou dar um conselho para todos: se nessas sessões, vocês puderem, incorporem os espíritos obsessores, claro que com a anuência dos dirigentes. Quando o espirito se afasta ele leva com ele, pela lei dos semelhantes, toda e qualquer eventual energia ruim que vocês tenham”
Ainda seguindo a recomendação do próprio Pai Fernando sobre estudar os espíritos que coabitam o mundo conosco, cabe agora colocar o trabalho realizado na Umbanda com relação ao encaminhamento desses espíritos “Para socorrer obsessor ou mesmo afasta-lo de uma aproximação inconveniente, não se usa ectoplasma. Obsessor é levado pelo convencimento da doutrinação ou vai à força”.
Nesse ponto nos questionamos por algumas vezes ouvirmos o termo “médium de transporte” ou por, estando na assistência, ver em uma consulta outro médium ser chamado e o mesmo cair no chão, se debater, aqui estamos falando sobre o “transporte” do espírito obsessor: “Transporte é tirar a entidade obsessora de alguém e transportar para outro. No caso que se fala é tirar de uma pessoa inexperiente e transportar para um experiente, isso para que ele seja dominado e levado pelas entidades para o astral superior. O processo para incorporar é o mesmo como se fosse um guia, só que em vez de conselho as pessoas dão conselho à entidade. Esse termo raramente é usado na Umbanda.”
Lembrando que, segundo Pai Fernando: “Se um consulente está com uma entidade obsessora que deve ser encaminhada, o correto é a entidade mandar chamar um capitão, explicar o assunto. Compete ao capitão, por ordem do dirigente espiritual, que encaminhe essa pessoa ao meio para fazer um trabalho no sentido de encaminhar a entidade. Não se pode simplesmente afastar uma entidade obsessora. Deve ser dada a ele – o obsessor, toda chance de ser encaminhado no plano espiritual, tarefa que só os espíritos podem fazer”. “As entidades não tem o direito de submeter médium nenhum a incorporações de obsessores, exceto os dirigentes”.
Cabe aqui neste momento falar um pouco sobre a Linha das Almas que foi amplamente debatida no Blog do Pai Maneco, conforme explicação do Pai Fernando:
“Inegavelmente a Linha das Almas dentro da Umbanda tem recebido várias definições e colocações. A Umbanda não é tão simples como muitos pensam, mas não pode mistificada a ponto de ter que aceitar tudo que falam sem uma análise mais detalhada. Gosto de ser transparente e por isso falo o que sinto e penso. Quando comecei a decifrar a nossa religião dois assuntos me fizeram algumas vezes perder o sono: o Anjo da Guarda e a Linha das Almas. Claro, ouve aqui e acolá, nossa cabeça se põe a funcionar para chegar a uma conclusão. Foi colocada a Linha das Almas em questão e os comentários que chegaram no blog estão acima resumidos pela Andréa Destefani. Rememorando, as Almas, chamadas até de benditas, sempre foram evocadas pelos antigos. Então elas trabalham, porque considero infalível a voz do povo. Os pontos de chamada da Linha das Almas na Umbanda são cantados nas vibrações coletivas, em todas as linhas da Umbanda e também da Quimbanda. Sempre que isso acontece alguns espíritos carentes e até maldosos incorporam nos médiuns, e sem nenhuma doutrinação visível eles são levados para um lugar de socorro. Isso deixa claro que é nesse campo que eles atuam, ou seja, encaminhar as entidades nesses estados e muitas vezes sendo os obsessores dos encarnados, acontecendo o socorro ao espírito e ao encarnado que fica livre dessa influencia indesejável. Então se elas existem e trabalham de forma organizada, elas têm uma estrutura dentro da Umbanda como todas as linhas auxiliares. Auxiliares não significa neutra. E ainda com todas as opiniões e considerações, o estimado angolano Pai Maneco veio dar sua orientação. De forma simples falou: a Linha das Almas pode ser chamada em qualquer ocasião, ela é subordinada ao Orixá Omulu, portanto fazem parte das Quimbanda, mas não são Exus. São Almas que se manifestam quando chamadas para salvar outras Almas. Não incorporam e não recebem oferendas”.
Finalizando esse primeiro estudo, iremos colocar uma frase para reflexão: “Para encerrar – acho que essa primeira parte, convém sabermos que as várias moradas que Jesus pregou são as várias camadas espirituais que os espíritos ocupam, mas, percebam, que todas elas estão imantadas ao planeta terra, por isso, ocupamos todos nós, encarnados, desencarnados, evoluídos e não evoluídos, a mesma Casa, o nosso planeta Terra”.
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