ESTUDANDO COM PAI FERNANDO VII
Estudando com Pai Fernando.
29/05/2023
O texto do “Minha Opinião” escrito por Pai Fernando em Abril/08, trata sobre Anjo da Guarda: “Um ponto inquestionável do ritual da nossa religião é o culto sagrado ao Anjo de Guarda, havendo muita possibilidade de ser a ele que os adeptos mais prestem devoção e façam os pedidos de força e proteção”.
Esse é um assunto que deixa muitas pessoas confusas, até porque muitos de nós aprendemos que o anjo da guarda é aquele anjo de asas brancas, que nos cuida, protege e evita e/ou minimiza os “males” da vida. Neste sentido Pai Fernando se posiciona dessa forma: “Particularmente eu acho muito estranho, porque pouca gente se preocupa em saber que entidade é essa tão cultuada e homenageada no ritual de quase a totalidade dos terreiros. Os umbandistas preocupam-se em saber quem é o preto-velho, o caboclo ou de que linha é o exu, mas, quanto a ele, o misterioso Anjo da Guarda, ninguém pergunta absolutamente nada. Ao menos para mim nunca ninguém perguntou. E eu tenho cinquenta anos de espiritismo. Fica bem claro: o Anjo da Guarda é um mistério e ninguém tem a curiosidade de querer saber quem ele é. Basta acender uma vela e tudo fica bem.
Eu sou um questionador incorrigível. Tudo eu quero saber e nada me escapa. Eu quero saber quem é o meu Anjo da Guarda. Será um Ogum, um caboclo, um preto-velho ou um exu? Ele tem nome? Lugar? Linha?”
Respeitando a diversidade da Umbanda e a filosofia de cada terreiro e seus dirigentes, Pai Fernando nos diz sobre a filosofia aplicada ao Terreiro do Pai Maneco: “Provavelmente cada dirigente tem a sua explicação de quem é o Anjo da Guarda, e todas vão ser diferentes. Eu vou dar a minha: o Anjo da Guarda é a soma das nossas reencarnações sem a interferência da atual encarnação.”
O anjo da guarda ser o nosso próprio espírito? Como assim? Como Pai Fernando chegou a essa conclusão? Para isso ele nos conta uma breve história sobre um Senhor, doente fisicamente, que os pais dele alimentavam quando ele era pequeno e que uns trinta anos depois, o espírito deste homem, se manifestou no centro kardecista em que ele trabalhava: “Para mim a palavra do espírito é indiscutível, muito embora nem sempre eu a entenda imediatamente, mas com o tempo acabo descobrindo o que ele quis dizer. No caso foi uma revelação maravilhosa: ele era o Anjo da Guarda do João. Imagino assim: o João era um pobre coitado que vivia da caridade alheia, doente da cabeça e do corpo, com seu espírito resgatando alguns carmas e ainda vivendo o sofrimento da pobreza. Entretanto o seu espírito era espiritualizado, inteligente e com uma cultura imensa adquirida ao longo de várias reencarnações. E esse espírito era o seu Anjo da Guarda. E esse Anjo da Guarda hoje não existe mais, pois desapareceu com a morte do João. Hoje só existe a maravilhosa entidade dos mil nomes.”
Por essa razão, quando acendemos uma vela para o nosso anjo da guarda, estamos acendendo uma vela para o nosso próprio espírito. Sendo assim, dentro da doutrina do Terreiro do Pai Maneco não é recomendado aos médiuns e frequentadores acender velas em casa, mas para o anjo da guarda é permitido, afinal é uma vela que acendemos para nós mesmos. As orientações são de não fazer pedido, apenas acender, mas sempre com segurança e observando correntes de ar e/ou objetos próximos que possam pegar fogo. Na dúvida, deixe para acender no terreiro que é um lugar seguro, lá podemos acender quais e quantas velas quisermos dentro das regras do terreiro, claro! “Eu não recomendo que acendam vela em casa, exceto se houver um controle muito bom para a intenção do fogo. Eu prefiro que seja no terreiro. Algumas pessoas que não têm a oportunidade do terreiro, podem acender em casa, mas não devem pedir nada, porque o fogo cria uma energia muito forte que não deve ser desvirtuada para pedidos atrapalhados. Um exemplo: quando você acende uma vela para o Anjo da Guarda não pode ser feito nenhum outro pedido. FMG”
No blog do Pai Maneco, Pai Fernando respondeu alguns questionamentos sobre essa questão.
Sobre o ponto que cantamos para saudar nosso anjo da guarda na abertura dos trabalhos da gira: “O ponto do Anjo da Guarda, dado pelo Caboclo Akuan, é cantado antes de abrir a gira e sua finalidade é chamar nossos espíritos para virem cuidar de nossos corpos. É como aquele anuncio, “vários em um”.”
“O Anjo da Guarda seria a síntese de nós mesmos. FMG”
“Hoje você é a ‘você’, com seu mental arquivando os acontecimentos da vida atual, tendo deixado gravada na memória do espirito a soma de tuas vidas passadas. Quando você precisa toda essa força aumenta o potencial da recente encarnação, e aí fica uma ‘você’ bem mais poderosa, com toda a força do Anjo da Guarda, o maior zelador de nós mesmo. FMG”
Precisamos aqui esclarecer que o Anjo da Guarda não tem relação com a nossa espiritualidade e/ou com o Pai de Cabeça, sendo este um Caboclo. Pai Fernando nos esclarece desta forma: “No meu livro Grifos do Passado eu conto uma explicação do Pai Maneco que a memória das reencarnações está localizada na mente do perispírito e por isso a encarnação atual não tem lembrança das vidas passadas. Nossas vidas passadas têm autonomia e estão à nossa disposição na forma do Anjo da Guarda, um simples nome inventado pelo homem. O pai de cabeça é aquele que nos protege e orienta nossa vida espiritual e o pai de cabeça cósmico é a origem divina da qual nós descendemos. Anjo da Guarda não tem função espiritual, porque ele é como se fosse nós mesmos. FMG”
“Pergunta: O Anjo da guarda interfere em nossas vidas, escolhas, atitudes?
Resposta: Na verdade o Anjo da Guarda protege você aumentando, quando necessário, a tua defesa. FMG”
Finalizamos esse tema com o ponto do Anjo da Guarda:
Letra: Caboclo Akuan
Música: João Costa
Lá no céu uma luz brilhou,
Anjos no terreiro eu chamei
Oh Deus, Oh Deus!
Como brilha bonito >
O anjo que está em mim >2x
Se Oxalá permitir
Que venha meu anjo
Me guarde meu anjo,
Me abençoe meu anjo
Meu anjo da guarda
Me guarde meu anjo
Me abençoe meu anjo
Meu anjo de luz
Texto: Denise Oliveira
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