A Umbanda de Verdade
Nova mensagem inbox. “Oi Amanda, tudo bem?”. E o papo começa meio tímido com aquela pessoa que há anos não falava comigo e eu já imagino qual é o assunto: Umbanda. E na maioria das vezes, acerto. Umbanda e seus mistérios para quem não a conhece.
“O que é exu? E pomba gira? E terreiro? É assim mesmo que se fala? Uma mulher falou que estou com encosto…”. Essas, entre outras, são perguntas frequentes. O preconceito muitas vezes é criado por ser uma religião ainda tão pouco conhecida pra maioria das pessoas que assim como eu, tiveram uma criação católica/cristã, no meu caso, com 3 tios pastores, a maioria da família católica e a outra parte da família evangélica fervorosa – uma prima inclusive, deixou de falar comigo pela minha religião. E acredito que, se você odeia alguém por sua religião, você entendeu tudo errado.
Confesso, o meu início na Umbanda foi muito além de fazer perguntas como essa. Comecei com perguntas, depois procurei vídeos e fiz diversas leituras e pesquisas sobre. Ensaiei diversas vezes pra ir no terreiro, mas por medo/preconceito adiei essa visita, que eu mal sabia, ia ser uma decisão e uma mudança pra uma vida extremamente melhor.
A maior surpresa das pessoas que vem me procurar pra fazer perguntas, se surpreende quando digo que Umbanda não faz amarrações, não trabalha com sangue, não faz adivinhações e que inclusive nós, os médiuns, temos 24 horas de preparação pra gira, sem comer carne, sem tomar bebidas alcoólicas, sem atividades sexuais e sem pensamentos ruins. Quando digo que trabalho em uma casa com aproximadamente dois mil médiuns, então, as pessoas se surpreendem. Mal sabem que, segundo uma pesquisa realizada em 2008, temos aproximadamente 6 mil terreiros só em Curitiba. Haja “macumbeiro”, rs.
Pra cada uma delas também procuro mostrar um pouco do amor, fé e caridade – pilares da Umbanda. E se mesmo assim restar alguma dúvida, mostro o site do Terreiro do Pai Maneco, casa que trabalho, respeito e sou eternamente grata.
E mesmo que elas não acreditem em nada do que falei, tenho certeza de uma coisa: em cada conselho de preto velho, em cada risada de exu e em cada passe de caboclo, plantamos sementes de caridade no coração das pessoas prum mundo melhor.
E admiro cada uma das pessoas que venceu seu medo e veio querer aprender mais sobre cultura. Admiro pessoas que tem sede de conhecimento.
Umbanda é linda, Umbanda é paz, Umbanda é fazer o bem: e o bem deve ser compartilhado.
Saravá!
Amanda Lopes, gira de terça – Pai Renato.
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